Conectando Comunidades para o Desenvolvimento Sustentável: Uma Jornada de Escolarização Aberta e Cocriação na RDS Tupé

Como a educação pode transformar a sociedade e contribuir para um futuro mais sustentável.

EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE

Alberto Okada

10/29/20232 min ler

O IHSF - Instituto Humanos Sem Fronteiras apoiou o projeto “CONNECT: Mapeamento Participativo com Design Thinking para o Desenvolvimento Sustentável da Vila do Tupé” (CONNECT-SCIENCE, 2023b),que teve como objetivo principal auxiliar na construção colaborativa de um diagnóstico estratégico para um plano de ação comunitário na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Tupé. Esta área é integrada por cinco diferentes comunidades - Livramento, Julião, Agrovila, Tatulândia, Central e São João do Tupé - todas servidas por uma única escola municipal de ensino fundamental localizada na comunidade ribeirinha de São João, local central para a realização de grande parte das atividades de pesquisa.

Durante o período de 01/10/2022 a 30/11/2022, a escolarização aberta foi posta em prática por um time diversificado de 10 representantes do projeto CONNECT, dos quais 6 pessoas também são representantes do IHSF (dirigentes: Alberto Okada e Alexandra Okada; colaboradores: Silvanei Inácia da Silva, Tayanne Grazielle Rodigues, Guiomar Labate e Marina Viana). Também participaram 15 membros da comunidade local, englobando adultos e crianças entre 2 e 15 anos, numa jornada colaborativa de aprendizado e desenvolvimento sustentável.

Os frutos deste processo foram significativos, permitindo que a comunidade identificasse e mapeasse uma série de desafios para integrar a sua agenda. Dentre estes desafios, destacam-se: a escassez e alta rotatividade de professores, dificuldades de acesso à educação decorrentes de problemas de saúde, questões ambientais e climáticas, evasão escolar, falta de instituições de ensino médio e desafios relacionados à infraestrutura da escola e comunidade, principalmente a falta de transporte e necessidade de tecnologias (computadores e conectividade). Paralelamente, emergiram oportunidades valiosas, tais como o fomento ao ecoturismo, a valorização de produtos locais sustentáveis, a exploração de fontes de energia alternativa e a expansão da própria escolarização aberta.

Diversas atividades foram conduzidas ao longo da iniciativa, desde entrevistas individuais de diagnóstico até dinâmicas conversacionais individuais e em grupo, com visitas locais à comunidade, propiciando um ambiente rico para o diálogo e a expressão autêntica de sentimentos, percepções e experiências. A dinâmica em grupo, em especial, revelou-se uma ferramenta poderosa para sondar as necessidades da comunidade e conceber soluções práticas. Inspirados pelo Design Thinking, os participantes engajaram-se em um diálogo colaborativo, visando encontrar respostas inovadoras para os desafios da comunidade e da escola.

A prática inovadora de escolarização aberta não somente proporcionou uma plataforma para a co-criação de soluções, mas também reconfigurou a abordagem da educação formal na região, sugerindo que o aprendizado pode e deve transcender os limites da sala de aula e envolver toda a comunidade. Esta iniciativa abre portas para futuras adaptações e replicações em outros contextos, reforçando seu potencial de gerar um impacto positivo amplo e duradouro.

Como resultado do trabalho em campo está sendo produzido o livro "Escolarização Aberta na Amazônia Para Empoderamento Comunitário: Um Estudo de Caso na Reserva de Desenvolvimento Sustentável TUPE", com apoio do IHSF, e encontra-se em fase final de edição.